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quinta-feira, 15 de julho de 2010

A pedagogia da incerteza


 O educador, além de conhecer uma área específica onde é especialista, procura ajudar o aluno a compreendê-la e a situar esse pedaço, essa área, dentro do processo e contexto maiores, que são os do compreender o todo. Além de conhecer, ele precisa aprender a ensinar, isto é, a organizar ações que facilitem a aprendizagem do aluno, a ampliação do conhecimento deste tanto na área específica como no todo.
A pedagogia da incerteza é feita com um mínimo de certezas. Quando damos tudo pronto, como algo certo, contribuímos para falsear a relação dos alunos com o conhecimento. Quando escrevemos todo com clareza e objetividade, mascaramos o processo, que é penoso, ambíguo e incerto. Por isso, na pedagogia, não podemos facilitar só o que é certo, mas criar situações der desafio, de validar várias opções. Quando focamos mais a certeza do que a incerteza não preparamos os alunos para a vida. Uma parte do que falamos e trabalhamos na relação pedagógica está consolidado. Sobre certos temas possuímos, dentro de determinados contextos, um sólido conhecimento. Mas não podemos esquecer do contexto maior onde esses temas se situam; o contexto ou cenário maior não são exatos nem previsíveis. Precisamos trabalhar, na pedagogia, entre a certeza e a incerteza, entre a organização e a desorganização, focando em momentos uma ou outra, mas não permanecendo unicamente na lógica da certeza nem no caos e na desordem.
Se forçamos a incerteza e construímos o conhecimento em processo, não podemos manter o ensino focado em conhecimentos prontos, estáveis, acabados. Não podemos exigir provas de resposta certa, na maior parte das situações de avaliação, principalmente na área de humanas.
As tecnologias nos ajudam nesta construção, facilitando a pesquisa, a interação e, principalmente, a personalização do processo. Pela pesquisa, aceleramos o acesso ao que de melhor acontece perto e longe de nós. Pela interação aprendemos com a experiência dos outros. Com a personalização, adaptamos o processo de aprendizagem ao ritmo possível de cada aluno, às condições reais de cada um, às motivações concretas.
As tecnologias são cada vez mais multimídia, multi-sensoriais. As gerações atuais precisam mais do que antes do toque, da muleta audiovisual, do andaime sensorial. É um pondo de partida, uma condição de identificação, de sintonização para evoluir, aprofundar. O problema é que muitos, durante a vida toda, não ultrapassam a necessidade do apoio sensorial e permanecem nas dimensões mais aparentes da informação e do conhecimento. Permanecem na periferia das possibilidades do conhecimento. Permanecem num conhecimento “amarrado”, que não voa, porque sempre precisa dos andaimes das sensações, das imagens, da mediação sensorial. Este é um dos problemas do homem atual: cada vez depende mais das mediações sensoriais. Sem elas não consegue voar; com elas, se agita muito, mas pode não evoluir tanto quanto as aparências prometem.
  
2. A segunda base da mudança é o foco no desenvolvimento da auto-estima
"Os alunos só terão sucesso na escola, no trabalho e na vida social se tiverem auto-confiança e auto-estima. A escola de hoje não trabalha isso", afirma Wong ao sugerir que as instituições de ensino criem cursos de psicologia comportamental em que os alunos possam aprender mais sobre si mesmos. Segundo ele, a auto-confiança só se adquire por meio de auto-conhecimento[4].
A educação, como as outras instituições, se baseia na desconfiança, no medo a sermos enganados pelos alunos, na cultura da defesa, da coerção externa. O desenvolvimento da auto-estima é um grande tema transversal. É um eixo fundamental da proposta pedagógica de qualquer curso. Este é um campo muito pouco explorado, apesar de que todos concordamos que é importante. Aprendemos mais e melhor se o fazemos num clima de confiança, de incentivo, de apoio, de auto-conhecimento. Se estabelecemos relações cordiais, de acolhimento para com os alunos, se nos mostramos pessoas abertas, afetivas, carinhosas, tolerantes e flexíveis, dentro de padrões e limites conhecidos. “Se as pessoas são aceitas e consideradas, tendem a desenvolver uma atitude de mais consideração em relação a si mesmas[5].
Temos baseado a educação mais no controle do que no afeto, no autoritarismo do que na colaboração. “Talvez o significado mais marcante de nosso trabalho e de maior alcance futuro seja simplesmente nosso modo de ser e agir enquanto equipe. Criar um ambiente onde o poder é compartilhado, onde os indivíduos são fortalecidos, onde os grupos são vistos como dignos de confiança e competentes para enfrentar os problemas - tudo isto é inaudito na vida comum. Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança. Deve existir poder sobre eles, poder para controlar. O sistema hierárquico é inerente a toda a nossa cultura”.[6]

A afetividade na relação pedagógica
A afetividade é um componente básico do conhecimento e está intimamente ligado ao sensorial e ao intuitivo. A afetividade se manifesta no clima de acolhimento, de empatia, inclinação, desejo, gosto, paixão, de ternura, da compreensão para consigo mesmo, para com os outros e para com o objeto do conhecimento. A afetividade dinamiza as interações, as trocas, a busca, os resultados. Facilita a comunicação, toca os participantes, promove a união. O clima afetivo prende totalmente, envolve plenamente, multiplica as potencialidades. O homem contemporâneo, pela relação tão forte com os meios de comunicação e pela solidão da cidade grande, é muito sensível às formas de comunicação que enfatizam os apelos emocionais e afetivos mais do que os racionais.
“O homem da racionalidade é também o da afetividade, do mito e do delírio
(demens). O homem do trabalho é também o do jogo (ludens). O empírico é também o imaginário (imaginarius); o da economia é também o do consumismo (consumans); o prosaico é também da poesia, do fervor, da participação, do amor, do êxtase.  O amor é poesia. Um amor nascente inunda o mundo de poesia, um amor duradouro irriga de poesia a vida cotidiana, o fim de um amor, devolve-nos à prosa. No ser humano, o desenvolvimento do conhecimento racional-empírico-técnico jamais anulou o conhecimento simbólico, mágico ou poético( MORIN, cap.I)
 A educação precisa incorporar mais as dinâmicas participativas como as de auto-conhecimento (trazer assuntos próximos à vida dos alunos), as de cooperação (trabalhos de grupo, de criação grupal) e as de comunicação (como o teatro ou a produção de um vídeo).
Na educação podemos ajudar a desenvolver o potencial que cada aluno tem, dentro das suas possibilidades e limitações. Para isso, precisamos praticar a pedagogia da compreensão contra a pedagogia da intolerância, da rigidez, a do pensamento único, da desvalorização dos menos inteligentes, dos fracos, problemáticos ou “perdedores”.
Praticar a pedagogia da inclusão. A inclusão não se faz somente com os que ficam fora da escola. Dentro da escola muitos alunos são excluídos pelos professores e colegas. São excluídos quando nunca falamos deles, quando não os valorizamos, quando os ignoramos continuamente. São excluídos quando supervalorizamos alguns, colocando-os como exemplos em detrimento de outros. São excluídos quando exigimos de alunos com dificuldades de aceitação e de relacionamento, resultados imediatos, metas difíceis para eles no campo emocional.
Há uma série de obstáculos no caminho: a  formação intelectual valoriza mais o conteúdo oral e textual, separando razão e emoção. O professor não costuma ter uma formação emocional, afetiva. Por isso, tende a enxergar mais os erros que os acertos. A falta de valorização profissional também interfere na auto-estima. Se os professores não desenvolvem sua própria auto-estima, se não se dão valor, se não se sentem bem como pessoas e profissionais, não poderão educar num contexto afetivo. Ninguém dá o que não tem. Por isso, é importante organizar atividades com gestores e professores de sensibilização e técnicas de auto-conhecimento e auto-estima. Ter aulas de psicologia para auto-conhecimento e especialistas em orientação psicológica. Ações para que alunos e professores desenvolvam sua autoconfiança, sua auto-estima; que tenham respeito por si mesmos e acreditem em si; que percebam, sintam e aceitem o valor pessoal e o dos outros . Assim será mais fácil aprender e comunicar-se com os demais. Sem essa base de auto-estima, alunos e professores não estarão inteiros, plenos para interagir e se digladiarão como opostos, quando deveriam ver-se como parceiros.

3. O terceiro foco é o da formação do aluno empreendedor
Este é um campo quase inexplorado. A maior parte das iniciativas da escola permanece na aprendizagem intelectual de conteúdos. Professores e alunos estão acostumados a seguir modelos, receitas, fórmulas, padrões. O foco para a mudança é desenvolver alunos criativos, inovadores, corajosos. Alunos e professores que busquem soluções novas, diferentes. Que arrisquem mais, que relacionem mais, que saiam do previsível, do padrão.
“Ninguém é autônomo primeiro para depois decidir. A autonomia vai se constituindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas”. (Freire,107)
“A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir e ser. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade” (Freire, 107)
A escola, segundo o empresário Wong, deve desenvolver os potenciais dos alunos com foco na imaginação e na criatividade. Mas alerta que de nada adianta ter criatividade sem espírito empreendedor. "O brasileiro tem muita iniciativa, mas falta "acabativa", brincou ao comentar que são poucas as pessoas que conseguem realmente colocar em prática suas idéias.[7]
"Precisamos ter claro que a escola não deve preparar o aluno para passar de ano, mas sim para ser um cidadão empreendedor. Ele deve crescer pensando em fazer algo diferente, que o entusiasme. E o papel da escola é ver até onde ele chega", afirma. O aluno brasileiro, segundo o executivo, sai da escola à procura de um bom emprego, enquanto o norte-americano busca um bom negócio. "É isso que precisamos mudar", complementa.[8]

         Outra crítica do executivo diz respeito ao fato de os alunos serem condicionados a ter atitudes reativas em relação à qualquer situação. "É preciso que o estudante seja proativo e agente de mudanças e não que fique esperando que apareçam oportunidades". De acordo com Wong, essa atitude reativa reflete no profissional que ele se tornará no futuro.
A sociedade precisa de pessoas inovadoras, que se adaptem a novos desafios, possibilidades, trabalhos, situações.
É muito difícil ser criativo e empreendedor porque os professores foram preparados para repetir informações, fórmulas, procedimentos.
Como ser criativo com uma formação repetidora, castradora?
Como incentivar o empreendedorismo com uma formação conservadora, acomodada, voltada para a segurança?
Como incentivar o empreendedorismo se damos provas de memorização e repetição?
Por isso precisamos trabalhar tanto os professores como os alunos.
Focar a pesquisa, o novo, encontrar ângulos, exemplos, relações, adaptações diferentes.
Superar a aprendizagem meramente intelectual e vivenciar mais os projetos, experiências e a resolução de problemas.
Propor e implementar ações a partir de informações. É uma nova postura pró-ativa, que contrasta com a forma tradicional de aprender, a partir de reflexões feitas por terceiros.
Sensibilizar e capacitar os professores para ações inovadoras, para tomar mais a iniciativa, para explorar novas possibilidades nas suas atividades didáticas, na sua carreira, na sua vida.
Sensibilizar os alunos para desenvolver novas atividades na sala de aula, no laboratório, em ambientes virtuais e mantendo vínculos diretos com a prática. Sair mais da sala de aula para inserção no cotidiano do bairro, no conhecimento e contato com pessoas, prédios, grupos, instituições próximas ou que tenham a ver com a área de conhecimento escolhida. Trabalhar também com os pais para que eles se modifiquem e estimulem os filhos a aprender a planejar, a estabelecer metas. Inserir a escola como uma organização que dissemina na cidade a sua visão empreendedora.

4. O quarto eixo é a formação do aluno-cidadão
 “A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade” (Delors, 1998, p.99).
Não basta formar alunos empreendedores, se não possuem uma formação social, uma preocupação com os outros e um comportamento ético.  O foco da educação não pode permanecer no nível pessoal, individual, na preparação para o trabalho somente. Por isso é importante focar também o desenvolvimento social, o engajamento numa sociedade mais justa, o compromisso do conhecimento pessoal com os que convivem conosco, com o país, com o planeta, com o universo. A educação precisa que cada aluno se insira na comunidade, desenvolva a sua capacidade de assumir responsabilidades e direitos.
. “a tarefa mais fundamental do professor é semear desejos, estimular projetos, consolidar com arquitetura de valores que os sustentem e, sobretudo, fazer com que os alunos saibam articular seus projetos pessoais com os da coletividade na qual se inserem, sabendo pedir junto com os outros, sendo, portanto, competentes”[9].
A ética não pode ser só uma matéria teórica, mas principalmente uma vivência prática. A educação pode transformar-se  num processo de aprendizagem de humanização, de tornar professores e alunos pessoas mais plenas, abertas, generosas, equilibradas.
“Não podemos nos assumir como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como sujeitos históricos, transformadores, a não ser assumindo-nos como sujeitos éticos”. (Paulo FREIRE, Pedagogia da autonomia, 17)
Pela educação podemos aprender a integrar corpo e mente, as sensações, as emoções, a razão, a intuição. Podemos sentir e pensar com todo o corpo, como um todo, não só com a cabeça. Podemos perceber, sentir, entender, compreender, agir pessoal e socialmente, como pessoas cidadãs responsáveis e autônomas. Pela educação comunicativa vamos construindo redes complexas de interação  pessoal, grupal e social. Quanto mais ricas estas redes, mais nos realizaremos como pessoas e mais úteis nos tornaremos para os grupos e organizações aos quais nos vinculamos.
Há uma série de dificuldades para a formação do aluno-cidadão: o mais forte é o individualismo, fortemente incentivado pela sociedade de consumo, pela mídia que enaltece valores diferentes dos da escola. A mídia, principalmente a televisão e, mais especificamente, a publicidade, valorizam a ascensão individual, o “self-made man”, a competição, a aparência, o ter como mais importante que o ser enquanto que a escola procura valorizar também o coletivo, a colaboração, a cooperação. A televisão mostra os valores despretensiosamente, enquanto nos entretém. A adesão do público é voluntária. A escola rema contra a corrente dominante e obriga o aluno a fazer escolhas mais difíceis, que exigem muito mais maturidade. O idealismo social é mais difícil de perceber do que a valorização individual.
No Brasil a educação ética é fundamental, porque é um dos países mais desiguais do mundo, com um relativo bom desempenho econômico, que não é acompanhado por índices semelhantes de desenvolvimento humano. Convive no país uma agricultura e negócios do campo avançados com a exploração, chegando até a escravidão dos trabalhadores. Apesar de o PIB por habitante do Brasil (US$ 7.770) ser semelhante ao de alguns países de alto desenvolvimento humano,  20% da população mais pobre do Brasil tem acesso a apenas 2% da renda ou do consumo, enquanto os 20% mais ricos detêm 64,4% da riqueza[10].
A escola não pode ser muito diferente da sociedade porque é formada por pessoas da mesma sociedade e também vive nela. Politicamente precisamos fazer todo o esforço possível para que a escola seja um lugar de colaboração, de inclusão, de aumento de consciência. Mas não se pode esperar ter uma escola “ideal” numa sociedade desigual, complicada, contraditória.
Por outro lado, é na escola que podemos experimentar situações novas de mudança, mesmo que parciais, de aprendizagens de novos modelos, formas de colaboração. Podemos fazer atividades inovadoras juntos, porque o resultado não se expressa necessariamente na venda de um produto, em metas puramente econômicas de conquista de mercado. A escola pode arriscar mais, criar situações novas, permitir-se aprender com os erros e buscar o desconhecido, ao menos em parte.
A escola pode incluir a comunidade ao seu redor, fazer pontes com as situações reais de aprendizagem existentes, vivenciadas na prática. Pode oferecer espaços de atualização para famílias e comunidade e, em troca, abrir a escola para que os alunos façam pesquisas, práticas, contatos com o cotidiano. Uma escola fechada com altos muros e grades é um exemplo de insucesso pedagógico. Se está situada em uma região carente, tem que dialogar com essas pessoas, grupos, comunidade. Se ela é mais rica do que o ambiente que a rodeia, deve abrir-se com mais razão ainda, oferecer seus serviços, mostrar que o bairro ganha com essa integração.
A escola não pode só ensinar a aprender, a preparar só para a vida profissional. A educação social é importante para poder compreender as raízes da desigualdade e para encontrar meios de diminuí-la.
Um outro obstáculo importante é que a ética com freqüência permanece no nível do discurso, da pregação; precisa estar ancorada na prática, no exemplo. E há uma grande distância entre a ética pregada (teoria) e a cumprida (prática), tanto na escola como na sociedade. Essa distância complica muito a efetiva aprendizagem e incorporação desses valores fundamentais.
Estes quatro eixos se relacionam com os quatro pilares da educação do relatório DELORS[11]: saber compreender, fazer, comunicar-se e ser. Aprender a compreender implica em lidar com a complexidade, a ignorância, o erro, a descoberta, a infindável caminhada ao longo da vida, em tornar o conhecer um objetivo de realização pessoal e social.
Aprender a fazer, nos lembra a relação necessária entre teoria e prática, entre o fazer e o compreender e desafia nossa organização educacional, muito mais focada na leitura do que na experiência. Aprender a comunicar-se é um dos componentes essenciais do educar: aprendemos quando nos comunicamos, quando trocamos, quando somos reconhecidos. E aprender a ser parece simples, mas é mais sutil e complexo, porque implica em aprender a integrar valores, práticas, reflexão e atitudes de vida. São quatro pilares fundamentais para a aprendizagem individual e social e para o ensino, em qualquer área.
A ética, em todas as instituições e na escola também, se ensina mais pelo exemplo do que pela palavra. Uma escola séria, de qualidade, transmite seus valores nas situações que se apresentam no cotidiano. A escola especificamente pode preocupar-se com a ética como um tema fundamental, transversal a todas as áreas e disciplinas. Todos somos responsáveis por dar um enfoque ético nas situações didáticas que se apresentam. A escola precisa propor atividades em que os alunos exerçam sua responsabilidade e que isso faça parte do projeto pedagógico e que não seja simplesmente colocado como ações voluntárias. A ética se pratica através de propostas organizadas e valorizadas institucionalmente[12].

Conseqüências destas bases para a educação
Não tem mais lugar na educação, principalmente na área de humanas, a busca pela resposta certa, única, correta. Temos respostas aproximadas, prováveis, adequadas ao momento. Não tem sentido os testes de múltipla escolha; a avaliação de conteúdo único.
A aprendizagem precisa ser ativa, focada na experiência, em projetos, em solução de problemas, em criar situações novas. Não tem mais sentido focar as aulas só no conteúdo teórico, na memorização, na competição.
Professores afetivos, climas de entendimento com os alunos não se improvisam, não surgem do nada. É importante focar na formação de professores estas novas dimensões: a emocional, a empreendedora e a ética. O professor tem que passar por experiências de risco, de criatividade, de inovação. Os cursos atuais deformação não se preocupam com isso. A aprendizagem intelectual deve ser mais humilde, construída, interativa e integrada com o risco, com a visão integradora, contextualizada e afetiva. Todos os professores e alunos deveriam passar por etapas de aprendizado destas novas situações. Todos os alunos precisam ter em todas as etapas da sua aprendizagem uma vinculação profunda com a realidade, principalmente com a realidade carente, pobre, diferente. O aluno aprende mais se combina estudo com projetos e com imersão em atividades sociais e culturais com grupos diferentes dos que está habituado. Todos os programas, em todos os níveis educacionais, podem incorporar tempos específicos de prestação de serviços, de colaborar com os menos favorecidos, de retribuir o que a sociedade nos oferece para que nos dediquemos muitos anos a aprender.
Só as tecnologias não dão conta desta nova pedagogia, desta nova postura necessária para uma educação inovadora. Mas, pressupondo estas bases, as tecnologias facilitam e muito esta inovação.
 ____________________________________________________________
[1] Edgar MORIN. Os sete saberes necessários à educação do futuro, p. 19.
[2] Paulo FREIRE. Pedagogia da autonomia, p. 22.
[3] Ibid, p.23.
[4] Marina ROSENFELD. "Guru" de recursos humanos critica escolas. Disponível em:
[5] Carl ROGERS. Um jeito de ser, p. 39.
[6] Ibid, p.65-66.
[7] Marina ROSENFELD. "Guru" de recursos humanos critica escolas. Em
[8] Marina ROSENFELD. Idem.
[9] Nilson José MACHADO. Sobre a idéia de competência. In Philippe PERRENOUD. As competências para ensinar no século XXI. p. 154
 [10] Dados do relatório do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento divulgado em 15-07-2004.
[11] Educação: um tesouro a construir. Cap. IV: Os quatro pilares da educação.
[12] Ver o artigo de Cláudio de Moura Castro. Escola para cidadania in http://novaescola.abril.com.br/cidadania.doc

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